Gestão de David Almeida contrata fundação investigada por fraudes em concursos públicos e gestão de investimentos milionários duvidosos
A Prefeitura de Manaus, sob o comando do prefeito David Almeida (Avante), contratou, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), a Fundação Carlos Chagas, que foi investigada pela Polícia Federal por suspeita de fraude em 14 concursos públicos e pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal por investimentos duvidosos da ordem de R$ 600 milhões.
De acordo com o extrato de contrato publicado na edição do Diário Oficial do Município (DOM) da última sexta-feira (13), a Semed informou que o serviço é para “contratação de empresa especializada em Avaliação da Qualidade do Contexto da Educação Infantil, relativo às oportunidades educativo-pedagógicas oferecidas em contextos de creches e pré-escolas para bebês e crianças pequenas na Rede Municipal de Ensino de Manaus”.
Segundo o secretário interino de Educação, Lourival Praia, a fundação vai receber R$ 466.280,80 pelo serviço. O prazo de validade é de sete meses, a contar do último dia 13 de agosto deste ano.
Investigada
De acordo com a Folha de São Paulo, a Fundação Carlos Chagas foi investigada pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal por investimentos duvidosos que fez desde 2013.
Há suspeita do uso de cerca de R$ 650 milhões na compra de créditos de empresas em dificuldades financeiras e em fundos de investimentos geridos pela Diamond Mountain (DMI Group).Leia neste link:
A fundação também foi alvo de investigação por parte da Polícia Federal, em 2017, por fraudes em 14 concursos públicos nacionais aplicados pela Fundação Carlos Chagas.
Segundo a Operação Afronta II, que encontrou as irregularidades, 47 candidatos se beneficiaram de escutas eletrônicas no momento de realizar as provas. De acordo com a PF, alguns desse candidatos já foram habilitados e empossados nos cargos para os quais concorreram.
Em 2016, a PF deflagrou a primeira operação, em Sorocaba (SP), para apurar uma fraude no concurso público do Tribunal Regional Federal da 3ª Região para os cargos de técnico e analista judiciário.
Na ocasião, foram indiciados nove membros da organização criminosa: o líder do grupo, o técnico responsável pelos equipamentos eletrônicos, quatro pessoas que desviavam as provas, e três que corrigiam as questões desviadas.
Foram indiciados ainda doze candidatos que receberam as questões por meio de equipamentos de ponto eletrônico, e duas pessoas que também tiveram participação na fraude, embora não fossem membros da organização.
A Polícia Federal solicitou à Fundação Carlos Chagas informações acerca de outros certames em que os indivíduos responsáveis por desviar as provas haviam se inscrito. Pediu ainda que a fundação fornecesse os gabaritos de respostas de todos os candidatos desses concursos suspeitos.
Os gabaritos foram então encaminhados à perícia, que constatou que a fraude havia sido consumada em 14 certames e que 47 candidatos haviam participado do crime.
O sistema também encontrou indícios de cópia de respostas entre candidatos, comumente conhecida como “cola”, em outros 24 certames.