Bolsonaro vai para o confronto com Moraes, mas evita falar a palavra ‘impeachment’
Ao contrário do discurso mais manso no Ato Democrático de fevereiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) subiu o tom em sua fala neste sábado, no evento de 7 de setembro na Avenida Paulista, em São Paulo (SP). Desta vez o líder da direita partiu para o confronto e chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de ditador.
O ex-mandatário, no entanto, evitou usar a palavra “impeachment”, mas pediu que o Senado Federal bote um freio no magistrado. Ele disse, ainda, que Moraes faz mais mal ao Brasil do que o presidente Lula (PT).
“Devemos botar freio, através dos dispositivos constitucionais, naqueles que saem, que rompem o limite das quatro linhas da nossa Constituição. E eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”, disse.
Em outro momento de seu discurso, Bolsonaro afirmou que lutou contra a corrupção sistêmica existente no Brasil e declarou que sua eleição em 2018 se deu graças a uma “falha do sistema”. O líder direitista voltou a afirmar, sobre a posse de Lula, em 2023, que ele jamais passaria a faixa para um ladrão.
Bolsonaro ainda acusou Alexandre de Moraes de conduzir as eleições de 2022 de forma parcial, enquanto presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o ex-presidente, ele não podia “fazer nada”, como “transmitir lives de casa”, “exibir imagens do 7 de Setembro” ou “associar Lula a ditadores da América do Sul”, enquanto “o outro lado podia tudo”, “inclusive” chamá-lo de “genocida”.
Anistia
O ex-presidente chamou os atos golpistas do 8 de janeiro de “armação” e pediu a anistia aos presos. “Quis Deus que eu me ausentasse do País no dia 30 de dezembro. Algo ia acontecer. Eu tinha esse pressentimento, mas não sabia que seria aquilo”, afirmou Bolsonaro, classificando o episódio de depredação como uma “catarse”. “Aquilo jamais foi um golpe de Estado e estamos vendo pessoas ainda serem julgadas e condenadas como integrantes de um grupo armado que visava mudar o nosso Estado Democrático de Direito. E eu lamento por essas pessoas presas”, concluiu o ex-presidente, reforçando a necessidade de a Câmara aprovar a anistia aos presos no 8 de janeiro.
Além do ex-presidente e de Silas Malafaia, que organizou o evento, diversos outros bolsonaristas marcaram presença no ato, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), os senadores Marcos Pontes (PL), Magno Malta (PL-ES), Cleitinho (Republicanos-MG), Eduardo Gomes (PL-TO), Marcos Rogério (PL-RO), e os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG). O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB) também participou do ato, mas não discurso no carro de som. No meio da multidão, Pablo Marçal (PRTB) também marcou presença.